O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, chegou nesta terça-feira ao Egito, na primeira visita de um chefe de Estado iraniano ao país desde a revolução islâmica de 1979.
Num reflexo da aproximação atual entre os dois países, o presidente egípcio, Mohamed Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, recebeu Ahmadinejad com um beijo, no aeroporto do Cairo. Os líderes passaram por um tapete vermelho, enquanto um sorridente Ahmadinejad cumprimentava autoridades presentes.
Ahmadinejad foi ao Cairo para participar de uma cúpula islâmica que começa na quarta-feira. Na terça-feira, o presidente da maior nação xiita do mundo islâmico se reúne com o grão-xeque da mesquita de Al Azhar, um dos mais tradicionais centros sunitas de aprendizado. Essa visita seria impensável durante o regime de Hosni Mubarak, ditador que tinha apoio dos militares e aproximou o Egito do Ocidente e de Israel.
"A geografia política da região vai mudar se Irã e Egito adotarem uma posição unificada a respeito da questão palestina", disse Ahmadinejad em entrevista à TV libanesa Al Mayadeen na véspera da viagem. Ele disse também que, se puder, pretende visitar a Faixa de Gaza, território palestino que fica entre o Egito e Israel, e que é governado pelo movimento islâmico Hamas.
Apesar das demonstrações de apreço, analistas duvidam de um restabelecimento pleno das relações diplomáticas entre Egito e Irã, rompidas desde 1980. Após a revolução islâmica, Cairo e Teerã romperam laços depois que o governo egípcio decidiu acolher em seu território o xá deposto, Mohammed Reza Pahlevi, e devido à assinatura dos acordos de paz de Camp David entre Egito e Israel.
O Egito vê com preocupação o apoio do Irã ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, que enfrenta uma rebelião armada. O governo de Mursi também está interessado em preservar as boas relações com países árabes do golfo Pérsico, que prestam assistência financeira ao Egito e veem o Irã com grande desconfiança. Outra prioridade do Cairo é não irritar os Estados Unidos, que oferecem uma ajuda financeira de 1,3 bilhão de dólares por ano aos militares egípcios.
Por outro lado, o governo de Mursi estabeleceu uma forte relação com o Hamas, grupo que é apoiado pelo Irã e qualificado como terrorista por vários governos ocidentais, devido à sua hostilidade contra Israel.
Mursi viajou em 30 de agosto para Teerã, na primeira visita de um chefe de Estado egípcio em mais de 30 anos, para entregar a Presidência do Movimento dos Países Não-Alinhados ao Irã em uma cúpula neste país. A visita de Mursi era a mais esperada pela diplomacia iraniana, que pretende estreitar os laços com o Egito, e que já deu alguns passos nessa direção após a queda do regime de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Com informações das agências Reuters e EFE