quinta-feira, 6 de junho de 2013

Evangélicos fazem ato contra o aborto e a união homoafetiva

BRASÍLIA — A manifestação de evangélicos na Esplanada dos Ministérios — uma marcha pela família tradicional, contra o aborto e a união homoafetiva — começou na tarde desta quarta-feira, por volta das 15h15m, com a execução do hino nacional. Por volta das 17h, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), disse que se há alguém que entende de direitos humanos é o cristão e que espera o dia em que os crentes irão ao culto com rádios para ouvir, na Voz do Brasil, um presidente da República que cumprimente a população com a "paz do senhor Jesus".
— Antes do Estado, vem a família. Que seja um recado para os governantes, que seja um recado para o próximo ano — disse Feliciano, que foi ovacionado pelo público.
O católico Jair Bolsonaro, deputado pelo PP do Rio, se sentiu em casa e disse compartilhar das mesmas ideias defendidas pelos participantes da manifestação. Ele até discursou no evento e foi varias vezes requisitado para tirar fotos. Ele disse ser casado com uma evangélica:
— Não sou evangélico, mas temos o mesmo objetivo — afirmou. — Sem família, não há sociedade. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.
Às 16h, a PM estimava em 10 mil pessoas o público presente. Pouco antes das 17h, a PM estimava que havia entre 20 mil e 30 mil pessoas. Muitas dessas pessoas são fãs dos cantores gospel que emprestam seu prestigio à manifestação. A organização do evento espera que cerca de 100 mil pessoas participem da marcha, que terá diversas atrações de música Gospel. Entre os artistas que estão cantando no evento, há uma parlamentar: a deputada Lauriete (PSC-ES). Ela foi uma das primeiras a soltar a voz no palco.
— Moço, o senhor podia emprestar sua credencial para ir tirar foto com Thalles Roberto e Aline Barros — disse uma das participantes do evento, fã de dois cantores gospel presentes no evento.
Uma adolescente queria entregar uma carta de vários metros que ele escreveu para Thales Roberto. A assistente comercial Lidiana Menezes disse ser contra o aborto e o casamento gay e afirmou haver muito preconceito contra os evangélicos.
— Eu sou uma mulher cristã e vim aqui realmente para defender a família. Eu concordo com todo esse pessoal que tá aqui, porque a palavra de Deus é o que conta. Só que as pessoas gostam de mudar, até ridicularizando os crentes. Tudo que a gente fala é discriminação — reclamou Lidiana Menezes, acrescentando: — Eu sou contra o aborto, o casamento de pessoas do mesmo sexo, porque a Constituição está bem clara, e especialmente a bíblia. A bíblia é a lei de todas as leis.
Um grupo de jovens do portal "Fé em Jesus" foi a manifestação com cartazes  com os dizeres "eu curto e defendo a vida" e "eu curto e defendo a família". No lugar da palavra "curto", havia uma mão com o polegar para cima, como no Facebook.
- Não sou contra o homossexualismo ou a união de homossexuais. Mas o casamento é uma união sob deus - disse a produtora do portal, Isis Ribeiro.
Entre os cartazes vistos no evento, era possível ler "abaixo a ditadura gay", nova moda no Brasil: m.m.a. Minorias mimadas autoritárias - se você falar mal elas te espancam - cade a democracia?", e "opinião não é homofonia. Não é crime!"
A série de discursos terminou por volta das 17h30, após pronunciamento do pastor Silas Malafaia. O evento continua com shows de músicos evangélicos no palco montado no canteiro central da Esplanada dos Ministérios. Malafaia disse que o público já passava de 70 mil pessoas. O pastor afirmou que a manifestação foi um "pequeno ensaio".
- Nós vamos influenciar esta nação - disse ele.
Malafaia atacou o movimento gay:
- Eles são os fundamentalistas do lixo moral - declarou, referindo-se ao que chamou de ativismo gay.
Na abertura do evento, o presidente do Conselho de Pastores da Assembleia de Deus em São Paulo, pastor Jabes Alencar, disse ao público que o hino seria ouvido por todos em atitude de respeito, já que nem sempre isso ocorre no país.
— Ainda que o diabo não queira, esta nação é do senhor Jesus Cristo — disse Jabes.
Entre os manifestantes, havia muitas faixas com mensagens religiosas, em defesa do pastor Silas Malafaia, e contra o movimento gay. Ontem, o pastor foi ao plenário do Senado, levado pelo senador Magno Malta (PR-ES), e disse que no evento vai se manifestar contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que prometeu agilizar a tramitação do projeto que criminaliza a homofobia; e o futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que teria manifestado discordância e considerado politizadas algumas decisões do STF. Malafaia disse que iria “descer a ripa neles!”.


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