O estádio Mané Garrincha, construído em Brasília pelo governo do Distrito Federal para a Copa de 2014, já custa aos cofres públicos a soma de R$ 1,778 bilhão. É o que aponta novo relatório do TC-DF (Tribunal de Contas do Distrito Federal) finalizado esta semana. A arena já era a mais cara dentre as 12 nas cidades-sede do Mundial.
Inicialmente orçado em R$ 696 milhões em 2010, o Mané Garrincha sai na realidade por duas vezes e meia o preço original. Apenas a reforma e ampliação da arena estão em R$ 1,4 bilhão, incluindo os contratos de serviços complementares que não faziam parte do escopo da contratação inicial e os termos aditivos da obra. Estes serviços já foram contratados e a maior parte executada. O saldo anterior do TC-DF, divulgado em maio, calculava o custo total em R$ 1,5 bilhão.
Assim, em cerca de um mês a conta do TC-DF subiu mais de R$ 200 milhões. Além da arena, fazem parte da soma obras no entorno do estádio, construção de subestação de energia para fornecimento e linhas de transmissão, gasto com mobiliário, pintura e outros. Ainda falta contratar outros R$ 347 milhões, a maioria em obras no exterior do estádio.
De acordo com o TC-DF, o acompanhamento da obra pelo órgão já impediu o desperdício ou irregularidades que geraram a economia de R$ R$ 105,6 milhões. Entre os problemas encontrados, sobrepreço de materiais e serviços, serviços e compras repetidos e desperdícios em geral. O Mané Garrincha recebeu a abertura da Copa das Confederações no dia 15, com a vitória do Brasil sobre o Japão por três a zero, e receberá outros sete jogos na Copa de 2014.
Conta não fecha
O governo do DF não concorda com a conta do Tribunal de Contas. De acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa do DF, "o valor de R$ 1,778 bilhão não corresponde à realidade dos gastos com projetos relacionados à Copa do Mundo ou ao legado do evento para a cidade, que receberá melhorias em mobilidade e urbanização". Segundo o governo, o custo real do Mané Garrincha é R$ 1,2 bilhão, já que não considera nenhuma obra do lado de fora do estádio como custo da arena e desconsidera alguns gastos com o estádio considerados pelo TC-DF. O governo não detalha a conta que faz para chegar ao R$ 1,2 bilhão.
Apesar de já ter retirado o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), a principal obra de mobilidade urbana prevista para a Copa de 2014, da Matriz de Responsabilidades (documento firmado entre União, cidades-sede e Estados com todas as obras para o Mundial do ano que vem), o governo do DF afirma que "nenhuma obra foi cancelada, todas as obras de mobilidade são previstas para estarem concluídas até a Copa do Mundo de 2014".
Sem citar o VLT, estimado em mais de R$ 1 bilhão e com o canteiro de obras abandonado, aponta uma obra viária em Brasília de R$ 58,6 milhões, a única de mobilidade ainda prevista. O governo do DF diz ainda que executa um grande projeto de reurbanização na área central da capital federal.