O cientista político Jorge Zaverucha oferece neste livro uma oportunidade valiosa: enxergar o trágico conflito do Oriente Médio a partir de uma perspectiva que foge do lugar comum e de clichês que rondam um dos mais complexos capítulos da História contemporânea. O autor, em texto conciso, didático e informativo, desafia análises superficiais sobre o tema e descortina cenários fundamentais para a compreensão das dificuldades em se atingir a paz.
Por exemplo, é imperioso lembrar a barragem de ameaças que pesa sobre Israel. O país enfrenta tentativas de aniquilação – verbais e reais – desde sua criação. Nos tempos do presidente egípcio Nasser, a promessa era “jogar os judeus ao mar”. Agora, os discursos do iraniano Ahmadinejad falam em “varrer o inimigo do mapa”. Nas fronteiras, os fundamentalistas Hamas e Hezbollah proclamam o desejo de destruir uma nação integrante da ONU.
Parte significativa da comunidade internacional faz ouvidos moucos ao cerco a Israel. É como se o Estado judeu tivesse sempre de se comportar como se a vizinhança fosse formada apenas por regimes inequivocamente democráticos e seus inimigos representassem invariavelmente defensores de respeito aos direitos humanos.
Nas últimas décadas, a luta contra o Estado judeu abandonou as guerras simétricas, entre exércitos regulares, para apostar em ações a partir de áreas de população civil e em ofensivas de propaganda, na tentativa de derrotar Israel no campo político e diplomático, por meio da demonização e do isolamento da única democracia do Oriente Médio.
A estratégia produz alianças esquizofrênicas, soldadas pelo ódio a Israel e a seus aliados. Coloca, no mesmo barco, fundamentalistas muçulmanos e militantes de esquerda, que pisoteiam valores humanistas, como o respeito às liberdades individuais e de expressão, a minorias religiosas e sexuais.
Quando Israel comete um erro ou mesmo algo que possa ser interpretado como um equívoco, canhões da crítica disparam de forma intensa e incessante. Nos momentos em que os palestinos são vítimas de outros países árabes, de suas disputas internas ou mesmo de seus próprios líderes, boa parte da comunidade internacional se cala.
O silêncio é um grave desserviço. Tanto palestinos como israelenses merecem, como qualquer nação, viver em segurança e em paz, com avanço econômico e tecnológico. E, sobretudo, com democracia. Afinal, a História desconhece confrontos armados entre duas democracias consolidadas.
Jaime Spitzcovsky, jornalista
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