terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sakineh Ashtiani, viúva iraniana acusada de trair e matar o marido.

Uma autoridade do poder Judiciário iraniano negou nesta segunda-feira (17) que exista qualquer novidade em relação ao caso de Sakineh Ashtiani, viúva iraniana acusada de trair e matar o marido.

Hojjatoleslam Malek Ajdar Sharifi, chefe do Departamento de Justiça do Azerbaijão Oriental, afirmou à agência de notícias iraniana Irna que o caso segue seu curso burocrático normal, acrescentando que a Suprema Corte ainda vai anunciar o veredicto final.

A informação de Sharifi vai contra um relato de uma deputada iraniana divulgado mais cedo, segundo o qual o Irã teria suspendido a sentença que determina o enforcamento de Sakineh.

Em carta à presidente brasileira, Dilma Rousseff, a deputada Zohre Elahian, presidente da comissão de direitos humanos do Parlamento iraniano, disse que a pena de enforcamento estava suspensa, devido a apelos dos filhos de Sakineh.

"Embora a sentença de apedrejamento não tenha sido finalizada ainda, a sentença de enforcamento foi suspensa devido ao perdão (dos filhos dela)", disse a carta, segundo a agência estudantil de notícias Isna.

Sajjad Ghaderzadeh, filho de Sakineh, disse à imprensa estrangeira no começo do mês que ela havia violado a lei islâmica, mas pediu por compaixão e perdão.

Em julho do ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo à Sakineh no Brasil. O governo do Irã rejeitou a oferta, elogiando o "caráter humano e sensível" de Lula, mas alegando que ele não estava de posse de todos os fatos.

O Brasil tem boas relações com o Irã, e no ano passado tentou mediar um acordo nuclear, rejeitado por potências ocidentais.

Dois jornalistas do jornal alemão Bild Am Sonntag estão presos no Irã desde outubro, quando foram detidos por entrevistar o filho de Sakineh sem autorização do governo, colocando em evidência o quanto o caso é delicado.

Pela lei islâmica em vigor no Irã, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, enquanto crimes como homicídio, estupro, assalto, apostasia e narcotráfico resultam em enforcamento.

O caso de Sakineh abalou ainda mais as relações entre o Irã e o Ocidente, já prejudicadas por causa do programa nuclear iraniano, que os EUA e seus aliados temem estar voltados para o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.

A Anistia Internacional diz que o Irã é o segundo país que mais usa a pena de morte no mundo, atrás apenas da China. Em 2008, pelo menos 346 réus foram executados.

As autoridades iranianas rejeitam as acusações de abusos aos direitos humanos, e alegam estarem seguindo a lei islâmica.

Fonte:Com agências internacionais